ATENÇÃO PROFESSORES (AS) QUE LECIONAM A DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO:

Se você realizou alguma Atividade Pedagógica ou Projeto de Trabalho nas suas aulas de Ensino Religioso e gostaria de publicar aqui neste blog, envie-nos um relatório descritivo do passo a passo do que foi feito e anexe fotos e vídeos curtos de até um minuto. Não esqueça de identificar-se e autorizar por escrito a publicação, bem como identificar a sua escola no cabeçalho do seu relatório. Também é importante que você obtenha uma autorização escrita dos pais ou dos responsáveis legais dos (as) estudantes para a divulgação de voz e imagem. Envie para: jorgeschemes@yahoo.com.br - Cordialmente, Jorge Schemes – Editor do Blog.

Indiano não corta as unhas há 28 anos

O indiano Amar Bharti, 58 anos, não corta as unhas desde que tinha 30. Algumas acabaram quebrando com o tempo, mas ainda sim elas chegam a dar voltas de tão grandes. Ele foi fotografado no domingo (02) falando ao celular em Allahabad, na Índia. 
Há 38 anos, ele optou por manter seu braço direito erguido como forma de reverência e devoção a Shiva, deus hindu. Após tanto tempo, seu braço não voltará ao normal. 
Em nome das suas crenças, ele vagou pelas ruas e resolveu desligar-se das coisas mundanas. [Fonte: Yahoo]

Fotos: Rajesh Kumar Singh/AP
O braço direito de Amar Bharti não abaixa mais

Morre aos 92 anos Reverendo Moon, fundador da igreja da Unificação


Reverendo Sun Myung Moon em imagem de arquivo de 2005 - Foto: AP

Sun Myung Moon, reverendo e fundador da Igreja da Unificação, morreu neste domingo segundo a agência sul-coreana Yonhap. Moon estava internado há duas semanas por causa de uma pneumonia em um hospital que pertencia à igreja perto de sua casa em Gapyeong, no nordeste de Seul. Sua mulher e filhos estavam ao seu lado.
Moon nasceu em uma cidade que hoje pertence à Coreia do Norte, e fundou o movimento religioso em 1954, depois de sobreviver à Guerra da Coreia. Ele pregava novas interpretações das lições da Bíblia.
A origem da seita está relacionada à crença de que Moon, aos 16 anos, encontrou-se com Jesus, que o teria inspirado a desenvolver uma doutrina que defende o trabalho e o fortalecimento do casamento e da família como princípios fundamentais do ser humano.
Segundo o site Huffington Post, a igreja ganhou notoriedade e fama nas décadas de 1970 e 1980 por realizar casamentos em massa de milhares de fiéis, muitas vezes de diferentes países, a quem Moon combinava em uma tentativa de construir um mundo religioso multicultural.
A seita estaria presente em mais de 120 países e teria, segundo seus seguidores, mais de 5 milhões de fiéis em todo o mundo. No Brasil a igreja tem forte presença e, no Mato Grosso do Sul, foi investigada em 2002 por lavagem de dinheiro.
A Igreja da Unificação do reverendo Moon, através da Associação das Famílias para a Unificação e a Paz Mundial, instalou-se, nos anos 90, em área situada em municípios do sudoeste de Mato Grosso do Sul, chegando a ter um total de 16 fazendas. Um dos projetos mais conhecidos é a fazenda New Hope, de 22 mil hectares. A igreja também investe em esporte, possuindo seis times de futebol, sendo dois no Brasil: o Atlético Sorocaba (SP) e o CENE, de Campo Grande (MS).
O movimento foi acusado pelo Ministério Público Federal brasileiro de lavagem de dinheiro e ameaça à soberania nacional. Críticos acusam o grupo de lavagem cerebral, messianismo, anti-semitismo, tráfico de armas e até abuso sexual das mulheres que entram na seita. [Fonte: Terra]

Igreja católica tem queda recorde de fiéis


Pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE com novas informações do Censo 2010 mostram que o Brasil é um país cada vez menos católico, embora esta ainda seja a religião majoritária. A queda da população católica foi recorde entre 2000 e 2010. A proporção caiu 12,2%: passou de 73,6% dos brasileiros para 64,6%. Em 1991, os católicos eram 83% da população. Em vinte anos, a população católica diminuiu 22%, ou seja, em proporção, a Igreja Católica perdeu mais de um quinto de seus fiéis.


Em números absolutos, a Igreja Católica perdeu quase 1,7 milhão de fiéis no País, saindo de 124,9 milhões para 123,2 milhões em 2010. Entre 1991 e 2000, a queda na proporção de católicos também tinha sido elevada, de 11,3%, mas o número absoluto tinha aumentado. Se o ritmo de queda da última década for mantido, em vinte anos os católicos serão menos da metade da população.
O recuo dos católicos está diretamente ligado ao aumento de 44% da proporção de evangélicos. Eram 15,4% da população brasileira em 2000 e passaram para 22,2% em 2010. Na década anterior, entre 1991 e 2000, o crescimento dos evangélicos foi muito maior, de 70%.
Apesar do aumento, os três grandes segmentos da religião tiveram comportamento completamente diferentes. Os evangélicos tradicionais, ou de missão, ficaram estagnados em proporção. Tiveram um pequeno aumento em números absolutos, passando de 6,9 milhões para 7,6 milhões, mas proporcionalmente houve ligeiro recuo. Os evangélicos tradicionais eram 4,1% da população em 2000 e em 2010 passaram a 4%. Esses evangélicos são das igrejas históricas como Adventista, Luterana, Batista e Presbiteriana.
Comportamento oposto tiveram os evangélicos desvinculados de igrejas. Segundo técnicos do IBGE, nesta categoria se enquadram tanto os que circulam entre várias denominações quanto os que se consideram evangélicos mas não frequentam igrejas. Esse grupo cresceu mais de cinco vezes em uma década: os evangélicos "independentes" eram menos de 1,7 milhão em 2000 e passaram para 9,2 milhões em 2010. Em proporção, pularam de apenas 1% para população brasileira para 4,8%.
Já os evangélicos pentecostais - da Assembleia de Deus e de igrejas como Universal do Reino de Deus, Maranata, Nova Vida, Evangelho Quadrangular, entre outras - continuaram a crescer, mas o ritmo diminuiu na última década. Em números absolutos, os evangélicos pentecostais mais que dobraram na década de 1990 (aumento de 119%). Entre 2000 e 2010, eles cresceram 44%. Pouco mais de 25 milhões de brasileiros são evangélicos pentecostais.
Universal
Este grupo sofreu mudanças significativas na última década. Fenômeno dos anos 90, a Igreja Universal do Reino de Deus perdeu quase 230 mil fiéis em dez anos, passando de 2,101 milhões para 1,873 milhão. Uma queda de mais de 10%.
No universo chamado neopentecostal (que exclui a Assembleia de Deus, mais tradicional), duas novas igrejas são a maior ameaça à Universal. Segundo técnicos do IBGE, os dados mostram que a Igreja Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago, já arrebanhou 315 mil fiéis.
A outra grande dissidência é a Igreja Internacional da Graça de Deus, do missionário R.R.Soares, mas ainda não há dados disponíveis sobre o número destes fiéis. Somadas ao fenômeno do crescimento dos evangélicos sem vínculo com igrejas, as novas denominações fizeram diminuir também o número de fiéis de outras igrejas, como a Nova Vida e a Congregação Cristã do Brasil.[Fonte: NotíciasYahoo]

Homem é condenado a mais de dois anos de prisão por dizer que Deus não existe


Está vendo o rapaz atrás das grades na imagem acima? Ele se chama Alexander Aan e foi condenado a dois anos e meio de prisão após a Justiça indonésia considerá-lo culpado por “espalhar o ódio religioso e a animosidade”. Como ele fez isso? Publicando uma mensagem no Facebook dizendo que Deus não existe.

No início do ano, Aan criou um grupo para discutir o ateísmo e publicou várias mensagens negando a religião, além de imagens satíricas que mostravam Maomé em cenas de sexo. Como qualquer tipo de representação do profeta é considerada uma ofensa às tradições islâmicas, o extremismo das opiniões do rapaz lhe custaram a liberdade — e mais US$ 10 mil, cerca de R$ 20 mil na cotação atual.

Como era de se esperar, a decisão da Justiça da Indonésia dividiu opiniões no país de maioria mulçumana. Muita gente considerou a pena justa, já que Aan ofendeu milhões de fiéis em todo o mundo ao propagar mensagens e imagens que iam contra a crença alheia. Por outro lado, há também quem se solidarize com a situação a ponto de iniciar manifestações no Facebook e petições para que a sentença seja anulada.[Fonte: BOL]

Atividade de Recuperação para a Média Trimestral e da Atividade da Paródia Sobre Os Seis Pilares do Programa "O Caráter Conta!" - EM Ada Sant'Anna - Alunos do 6º ao 9º ano do Período Matutino - Disciplina: Ensino Religioso - Prof. Jorge Schemes

  • Trabalho para a recuperação da média trimestral e da apresentação da paródia sobre os seis pilares do caráter:
1. Escrever numa folha de papel almaço identificando no cabeçalho o nome da escola, da disciplina, do (a) aluno (a) e do professor.

2. Pesquisar os seis pilares do Programa "O caráter Conta!" e escrever, para cada pilar, cinco atitudes ou ações que devemos fazer e cinco atitudes ou ações que não devemos fazer.

3. Entregar o trabalho para a Supervisão Escolar até o dia 31 de maio de 2012.

4. Exemplo abaixo: (fazer a mesma atividade para cada um dos seis pilares do caráter, não pode copiar do cartaz oficial do Programa "O caráter Conta!") 

                                      SINCERIDADE

O QUE DEVEMOS FAZER                O QUE NÃO DEVEMOS FAZER

1. Falar a verdade.                            1. Mentir e enganar.  
2.                                                         2.
3.                                                         3.
4.                                                         4.
5.                                                         5.

Filipinos e chilenos são os que mais acreditam em Deus


Filipinos e chilenos são as pessoas mais religiosas do mundo, com os escandinavos e moradores dos antigos países do bloco comunista europeu na outra ponta, afirma um estudo americano divulgado nesta quarta-feira dia 18/04/2012.
A pesquisa também destaca que quanto mais idosa, mais a pessoa acredita em Deus.
Os países onde as pessoas mais acreditam em Deus geralmente são os de forte presença católica, especialmente as nações em desenvolvimento. Além destes, aparecem Estados Unidos, Israel e Chipre, segundo o estudo do instituto NORC, da Universidade de Chicago.
A pesquisa foi baseada em estudos internacionais realizados em 30 países em 1991, 1998 e 2008.
O resultado mostra que 94% dos filipinos "sempre" foram fiéis, seguidos pelos chilenos (88%) e americanos (81%). Nas últimas posições aparecem os alemães da antiga Alemanha Oriental (13%) e os tchecos (20%).
Segundo o estudo, os países mais ateus são os escandinavos e os que integravam o antigo bloco comunista do leste europeu (com exceção da Polônia), com as taxas mais fortes de ateus entre os moradores da antiga Alemanha Oriental (59%).
A crença em Deus caiu em todas as partes, com exceção de Rússia, Eslovênia e Israel.
O estudo mostra ainda que a fé é maior entre as pessoas mais velhas. Na média, 43% das pessoas com 68 anos ou mais têm a certeza de que Deus existe, contra 23% do grupo de 27 anos ou menos.
"As maiores mudanças acontecem a partir dos 58 anos. Isto sugere que a fé aumenta com a proximidade da morte", disse o coordenador do estudo, Tom W. Smith.[Fonte: Yahoo.Notícias]

O Rosto Como Revelação do Humano no Ser e Como Encarnação da Ética da Alteridade

Estado americano aprova ensino do criacionismo nas escolas


Uma lei que permitirá aos professores de escolas públicas questionarem o consenso científico em questões como aquecimento global e teoria da evolução entrará em vigor em breve no estado americano do Tennessee, no sul. O governador Bill Haslam permitiu que o projeto de lei - aprovado pela Câmara estadual e pelo Senado - se torne lei sem sancioná-la, afirmando não acreditar que a legislação "mude os padrões científicos que são ensinados em nossas escolas".
"No entanto, eu também não acredito que traga algo que não seja aceitável em nossas escolas", afirmou o governador, em um comunicado. A medida permite a professores "ajudar estudantes a compreender, analisar, criticar e revisar de forma objetiva os potenciais e fragilidades científicas das teorias existentes abordadas na disciplina ensinada". Também diz que a legislação "não deve ser construída para promover qualquer doutrina religiosa ou não religiosa".
Nos últimos dias, o governador recebeu uma petição assinada por mais de 3 mil pessoas pedindo que vetasse o projeto, mas seus partidários conservadores tinham apoio suficiente para sobrepujar o veto com uma maioria simples. "Uma boa legislação deve trazer clareza e não confusão. Minha preocupação é que este projeto não tenha alcançado este objetivo", afirmou Haslam. "Por esta razão, eu não assinarei o projeto, mas permitirei que se torne lei sem a minha assinatura", acrescentou.
Os críticos rotularam a lei de "Projeto de lei do macaco" (Scopes Monkey Trial, em inglês), em alusão ao amplamente divulgado "Julgamento do Macaco", ocorrido em 1925, em que o estado do Tennessee acusou o professor de nível médio John Scopes de violar uma lei estadual que proibia o ensino "de que o homem descendeu de uma ordem animal menor".
A Associação de Professores de Ciências do Tennessee e a seção estadual da União Americana de Liberdades Civis (ACLU, em inglês) são os maiores críticos da medida e afirmam que ela dará amparo legal para que os educadores ensinem ideias pseudocientíficas. "Eles não falam tanto sobre criacionismo, mas sobre Desenho Inteligente", disse no começo da semana Hedy Weinberg, diretor executivo do braço estadual da ACLU.
"É uma forma muito inteligente e sutil de desafiar a teoria da evolução e permitir que os professores introduzam o Desenho Inteligente e o neocriacionismo", acrescentou. O Desenho Inteligente defende a ideia de que a evidência científica pode demonstrar que formas de vida se desenvolveram sob o direcionamento de uma inteligência superior.
O Discovery Institute, cujo modelo jurídico inspirou o projeto de lei, o enalteceu como "protetor da liberdade acadêmica de professores de ciência para que possam discutir de forma abrangente e objetiva tópicos científicos controversos, como a evolução". Radicado em Seattle, o grupo apoia o ensino de alternativas à evolução em escolas públicas, bem como a pesquisa sobre o Desenho Inteligente.
A última controvérsia é parte de uma longa batalha entre os defensores de um ensino público secular e cristãos conservadores, que acusam as autoridades de atacarem sua liberdade ao manter a religião fora da esfera pública.
Em dezembro de 2010, uma pesquisa do instituto Gallup apontou que quatro em dez americanos acreditam que Deus criou os homens em sua forma atual cerca de 10 mil anos atrás. Mas evidências científicas demonstram que os humanos evoluíram de ancestrais símios ao longo de um período de cerca de seis milhões de anos.
Em 1968, com base na separação entre Estado e Igreja, a Suprema Corte considerou inconstitucional banir o ensino da Teoria da Evolução.[Fonte: terra]

SP: secretaria afasta diretora de escola que obrigava alunos a rezar


Os alunos da Escola Estadual Gertrudes Eder, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, já se acostumaram, desde o ano passado, a rezar o pai-nosso todos os dias, antes das aulas, na quadra da escola. A regra vale para os turnos da manhã e da tarde. Funcionários da instituição dizem não haver obrigação: é possível ficar em silêncio na hora do pai-nosso. Mas o fato é que todos os alunos têm que ouvir a oração. As informações são do jornalFolha de S. Paulo.
O estudante do nono ano da escola, Guilherme Marçal, 13 anos, se declara ateu e declarou se sentir constrangido com o olhar de reprovação dos colegas e professores diante do seu silêncio. "Antes, rezava porque tinha vergonha de ficar quieto. Agora não tenho rezado mais", disse. A família do jovem chegou a reclamar à escola, que respondeu dizendo que a maioria concordou "democraticamente". A iniciativa da reza é da diretora Rosa Machado, que, indagada, orientou a reportagem a falar com a Secretaria de Estado da Educação. Procurada pela reportagem do jornal nesta quinta-feira, a secretaria informou que proibiu a prática do pai-nosso e decidiu afastar a diretora "preventivamente" para apurar o fato, já que obrigar alguém a rezar em escola pública é inconstitucional.[Fonte: Terra]

Obrigação ou problema? Brasil debate a religião na escola pública


A constitucionalidade da prática do ensino religioso em escolas públicas será analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em breve. Fora dos tribunais, partidários defendem pontos de vistas opostos enquanto aguardam pela decisão da Justiça. De um lado, estão os que vêem na disciplina uma porta para ensinamentos sobre respeito a amor ao próximo. De outro, aqueles que enxergam a matéria como uma oportunidade para imposição de valores apenas de determinados grupos.
Para Roseli Fischmann, por exemplo, "as escolas públicas devem servir a todo cidadão e contribuir para formar um princípio de cidadania que não beneficie nenhum grupo em particular". Professora da pós-graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do programa de pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, ela questiona a constitucionalidade do ensino religioso, o que considera "uma prática muito grave".
Na outra ponta da corda está o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), autor de projeto de lei que propõe a matéria como obrigatória, mas que prevê a preservação do caráter facultativo da matrícula pelo aluno. A proposta está tramitando na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e obteve voto favorável do relator, o deputado Pedro Uczai (PT-SC).
"Embora nosso País seja laico, quer dizer, não tenha uma religião oficial, a constituição foi promulgada em nome de Deus. Ou seja, o País não tem uma religião oficial, mas não é um País ateu. Acredita-se em uma força superior cujo nome é Deus. Então, é possível darmos a nossos filhos pelo menos o pontapé inicial para que a alma deles se desenvolva com os grandes ensinamentos: respeitar pai e mãe, não cobiçar a mulher do próximo, não roubar, não matar", defende Feliciano.
Feliciano considera, contudo, que seu projeto não incentiva a doutrinação. Para ele, trabalhar com a conversão dentro de uma escola seria inconstitucional. Porém, o pastor indica a importância de transmitir ensinamentos como a fé e a existência de um criador. "Se o ensino religioso continuar facultativo, vai seguir insosso e insípido como é hoje. Existe preconceito dos professores e dos alunos", argumenta. O impacto da oferta do ensino nas escolas públicas também poderia ser detectado na redução da violência, prevê o deputado.
O caráter facultativo que está previsto na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação e, também, no acordo entre o governo brasileiro e a Santa Sé - legislações que regulamentam o ensino religioso no País - é questionado pela professora Roseli, principalmente porque a disciplina compõe o currículo do ensino fundamental, que agrega crianças entre 6 e 14 anos.
"Elas são vulneráveis, nem têm como se defender ou como debater seu ponto de vista", salienta. No estado de São Paulo, por exemplo, as aulas de ensino religioso do 1º ao 5º ano do ensino fundamental nas escolas públicas são ministradas de forma transversal, ou seja, o conteúdo é distribuído nas demais disciplinas. Esse método impede que as famílias façam valer o direito de quererem ou não que os seus filhos se matriculem na disciplina. "O professor não vai falar 'agora é religião, quem não quer ouvir saia'. Mesmo que diga, os alunos podem sofrer discriminação dos colegas, até algum tipo de cobrança", opina a professora.
Oração antes da aula 
No Colégio Estadual Santa Cândida, em Curitiba, no Paraná, o ensino religioso faz parte da grade de disciplinas para os alunos do 6º e do 7º ano do ensino fundamental. A secretária-geral e pedagoga da escola, irmã Regina Mika, garante que a escola não privilegia uma única religião, mas procura oferecer conhecimento sobre diversos tipos de crença. Segundo ela, apesar de ser uma disciplina facultativa, todos os alunos participam, sem qualquer registro de reclamação dos pais. A pedagoga conta que, antes do início de cada turno de aula, é feita uma oração "pedindo a benção de Deus para o dia de trabalho", que é transmitida a todas as turmas por meio da rádio do colégio. "Mas é mais como uma mensagem", ressalva.

Existem escolas que defendem a existência de ensino religioso, mas oferecido como alternativa à transmissão de valores éticos, ou ainda trabalhando a história das religiões em sala de aula. É o que ocorre em algumas escolas particulares, como o Colégio ICJ, em Belo Horizonte (MG). No currículo, é oferecida a disciplina de Formação Humana. O ensino é "independente de qualquer religião", explica a professora Durce Alves, que cita sexualidade, atualidades e voluntariado como alguns dos temas desenvolvidos em aula.
A professora Roseli Fischmann encara a opção com ressalvas. Para ela, o ensino da história também apresenta diferenças, e seria necessário avaliar se o conteúdo está sendo transmitido de forma adequada. "É muito fácil que o estudo da história das religiões se transforme em uma doutrinação e numa comparação imprópria", justifica. O ensino inter-religioso pode gerar conflitos entre o que é trabalhado no ambiente escolar e o que os pais pretendem transmitir ao filho sobre religiosidade. "Mesmo que a escola faça uma escolha por interconfessionalidade, uma composição dessas religiões, quem garante que isso é do interesse da fé dos pais? Quem garante que isso não vai gerar discriminação?", indaga.
O papel do professor 
A crença do professor é outra questão levantada pela professora Roseli Fischmann. Afinal, falar sobre diversas religiões e propor atividades nesse sentido em sala de aula pode violar o direito do educador de ter sua própria fé, entende Roseli. Ela reforça que a crença pertence ao foro íntimo, à consciência de cada um. "Ninguém pode ser obrigado a falar alguma coisa diferente daquilo que crê", diz.

Por outro lado, essa fé também poderia condicionar a visão e o discurso do professor que se propõe a conduzir uma aula de ensino religioso. Para o deputado, o tema seria solucionado com a capacitação de pessoal. Em um dos pareceres da Comissão de Educação e Justiça da Câmara dos Deputados, o relator Pedro Uczai inseriu no PL 309/11 um parágrafo que prevê a criação, pelo Ministério da Educação (MEC), de diretrizes curriculares nacionais para o curso de Licenciatura Plena em Ensino Religioso, único que estaria credenciado para habilitar professores dessa disciplina, desconsiderando Teologia, Filosofia e outras áreas de conhecimento das humanas.
Para a professora Roseli Fischmann, a crença religiosa não é incompatível com uma educação autônoma em relação a valores e ética. Mas ela ressalta: "Não é dizer 'não faz isso porque Deus não gosta'. A criança deve ser educada para ter consciência e ser responsável por seus atos".
O tema deve ser analisado pelo STF a partir de uma ação movida por cinco organizações educacionais e de direitos humanos em março deste ano, que exige que seja assegurado o ensino religioso não confessional (sem vinculação com igreja ou religião específica). Um dos pontos contestados é a classificação do ensino como "parte integrante da formação básica do cidadão" (art. 33 da Lei de Diretrizes Básicas).[Fonte: Terra]

Bullying religioso cresce nas escolas do País, diz líder ateu


O presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), Daniel Sottomaior, denuncia que os casos de bullying religiosos dentro de instituições de ensino estão cada vez mais comuns "e acontecem todos os dias nas escolas do País". "Na maioria das vezes somos procurados por jovens que sofrem preconceito em sala de aula e não sabem como agir. Passamos orientações e alguns embasamentos. Infelizmente, os próprios educadores não estão cientes das leis e acabam discriminando esses estudantes", disse.
O caso mais recente e que tomou repercussão nacional na última semana foi o do estudante Ciel Vieira, 17 anos, aluno da Escola Estadual Santo Antônio, que fica na cidade de Miraí, região da Zona da Mata de Minas Gerais. Em vídeos postados no Youtube, ele relatou ter sido discriminado por professores e colegas pelo fato de não acreditar em Deus. O Terra conversou com Ciel e a mãe dele, Márcia Cristina Vieira.
"Tudo teve início quando uma professora de geografia disse que faria orações antes de começar suas aulas. Eu, por ser ateu, ficava em silêncio e ela começou a notar e disse que 'quem não tem Deus no coração, não será nada na vida.' Eu achei um absurdo o que ela falou, mas fiquei na minha. Depois, procurei a Atea para relatar o que havia acontecido. Então, eles me enviaram parte da Constituição que fala que o Estado é laico e ela não poderia pregar em instituição pública. Mostrei a ela, que disse desconhecer esta lei, e resolvi fazer o vídeo como forma de protesto", disse Ciel.
"Quando somos procurados, tentamos orientar e nos colocar a disposição para dar outros tipos de andamentos, como por exemplo entrar com ação no Ministério Público, se for da vontade da pessoa", afirmou Sottomaior. Ciel postou dois vídeos na internet nas duas últimas semanas. No primeiro, relatou, com uma gravação feita por ele dentro de sala de aula, que durante a oração do pai-nosso, os colegas o hostilizaram dizendo: "mas livrai-nos do Ciel. Amém".
"Sou kardecista e há dois anos, depois de muito estudar, ele resolveu ser ateu. Não vejo nada de errado. Cada um tem suas opiniões e essas precisam ser respeitadas. Fiquei muito triste com a situação porque colegas começaram a dizer que ele tinha parte com o demônio. Ele é um garoto que sempre foi muito respeitoso e íntegro e fiquei chateada pelo ocorrido", afirmou a mãe dele, Márcia Cristina.
Terra tentou várias vezes contato com a direção da escola, que não quis se pronunciar sobre o caso. A professora citada por Ciel não foi localizada. A Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) informou que ainda apura o que aconteceu para tomar medidas.
A mãe do estudante esteve na escola na última sexta-feira para conversar com a direção sobre o ocorrido. "Ele (o diretor) disse que ia mudar a professora de horário, porque ela só faz orações no primeiro período. Mesmo assim, falei que ele poderia rever alguns conceitos. Eles se mantiveram um pouco irredutíveis quanto às orações, talvez por desconhecerem a lei. Acho que poderiam falar sobre bulliyng de uma maneira mais esclarecedora aos estudantes e não da forma como foi", relatou ela.
Em 2009 outro caso parecido ganhou repercussão em Minas Gerais. Foi na cidade de Aimorés, no Vale do Rio Doce. Um estudante teria sido retirado de sala de aula por não querer tirar o boné durante uma oração. O estudante, de 17 anos, foi levado até a sala da direção e gravou o momento em que conversava com uma mulher, que seria vice-diretora. Ela exigia que não usasse o acessório no momento das orações.[Fonte: Terra]

Professora evangélica prega em aula e aluno sofre bullying na escola


Adolescente e seus pais em casa (Foto: Tiago Silva/DGABC)
Adolescente de 15 anos passou a ser vítima de bullying e intolerância religiosa como resultado de pregação evangélica realizada pela professora de História Roseli Tadeu Tavares de Santana. Aluno do 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Antonio Caputo, no Riacho Grande, em São Bernardo, o garoto começou a ter falta de apetite, problemas na fala e tiques nervosos.

Ele passou a ser alvo de colegas de classe porque é praticante de candomblé e não queria participar das pregações da professora, que faz um ritual antes de começar cada aula: tira uma Bíblia e faz 20 minutos de pregação evangélica aos alunos. O adolescente, que no ano passado começou a ter aulas com ela, ficava constrangido. Seu pai, o aposentado Sebastião da Silveira, 64 anos, é sacerdote de cultos afros. Neste ano, por não concordar com a pregação, decidiu não imitar os colegas. Eles perceberam e sua vida mudou.

Desde janeiro, ele sofre ataques. Primeiro, uma bola de papel lhe atingiu as costas. Depois, ofensas graves aos pais, que resolveram agir. "Ficamos abalados", disse Silveira. "A própria escola não deu garantias de que meu filho terá segurança."

O garoto estuda na unidade desde a 5ª série. Poucos sabiam de sua crença. E quem descobria se afastava.Da professora, ouviu que pregação religiosa fazia parte do seu método. Roseli não quis comentar sobre o caso.

A Secretaria Estadual da Educação promete que a Diretoria de Ensino de São Bernardo irá apurar a história e reconhece que pregar religião é proibido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Na escola, os alunos reclamam da prática. "Não aprendi nada com ela. Só que teria de ter a mesma religião que ela", disse um menino de 16 anos.[Fonte: Yahoo]

"O Brasil é uma potência religiosa global"


José Casanova
Um dos principais sociólogos da religião no mundo explica a crise de fé da Europa, a politização da religiosidade nos EUA e o preconceito contra os ateus
por Rodrigo Cardoso para ISTOÉ
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MUDANÇA
Para Casanova, o desenvolvimento econômico está
fazendo a religiosidade, proibida pelo Estado, voltar à China
Por 61 anos, José Casanova é um dos mais respeitados sociólogos da religião na atualidade. Autor do clássico “Public Religions in the Modern World” (de 1994), no qual trata da ligação entre o afastamento das pessoas das religiões e a modernidade, o acadêmico nascido na Espanha e naturalizado americano é professor titular do departamento de sociologia da Universidade de Georgetown, em Washington, nos Estados Unidos, e diretor do programa sobre “globalização, religião e o secular” do Center Berkley, na mesma instituição. Casado e com um filho, Casanova esteve no Brasil, no início do mês, para ministrar aulas magnas, ter encontros com pesquisadores e fazer palestras públicas em universidades. No período em que esteve no País, concedeu uma entrevista à ISTOÉ, na qual traçou um panorama da engrenagem religiosa no mundo atualmente – secularismo e ateísmo, a crise de fé na Europa, a politização da religiosidade nos EUA e a religião em países como Brasil, China e Índia.
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“Bento XVI serve como um pontífice
de transição que não quer impor uma
linha nova e abre portas, como a decisão
de controlar o problema da pedofilia”
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“Há um processo de globalização do islã. Imigrantes
da Turquia, da Argélia, do Paquistão, de repente,
são mais identificados como muçulmanos globais”.
ISTOÉ - Qual o futuro do catolicismo?
JOSÉ CASANOVA - Entre o protestantismo/pentecostalismo, o islã e o catolicismo – as três grandes religiões globais –, este último vem perdendo espaço e depende de como irá resolver as suas crises fundamentais envolvendo a igualdade das mulheres, o sacerdócio feminino e como irá reconstruir a sua moral sexual diante das transformações radicais da moralidade sexual nas sociedades. Não significa aceitar essas transformações, mas confrontá-las e dar uma nova alternativa moral aos problemas. Há um distanciamento entre a moral sexual das sociedades e a moral proposta pelo catolicismo. E sabemos que isso leva muitas mulheres a se afastar. E, quando uma mulher sai da igreja, a família deixa de ser cristã e os templos se esvaziam.

ISTOÉ - Qual será a herança do pontificado de Bento XVI?
JOSÉ CASANOVA - É um pontificado muito complexo. O de (Karol) Wojtila (João Paulo II) foi muito positivo, carismático, havia uma dinâmica na Igreja Católica, sobretudo nos países em desenvolvimento. Mas ele também era uma pessoa muito autoritária. (Joseph) Ratzinger (Bento XVI) é um teólogo mais técnico do que Wojtila e por isso tem menos sensibilidade à diversidade do catolicismo global. Serve como um pontífice de transição que não quer impor uma linha nova e abre algumas portas, como a decisão definitiva de controlar o problema da pedofilia.

ISTOÉ - Há uma onda de pessoas abandonando as religiões e mantendo a fé em espaços privados. Por quê?
JOSÉ CASANOVA - Durante 300 anos, os países europeus passaram por um processo de religiosidade (confessionalização), em que o Estado impôs a suas populações as religiões luterana, calvinista ou católica. Hoje, associa-se o Estado religioso e a igreja estatal a uma tradição muito velha, que vai contra a modernidade. O Brasil, com a modernização e o crescimento das classes médias, também passa por um processo parecido, embora atenuado, porque a modernidade tem a ver com a pluralização da religião. Na Europa, ou você pertence a uma religião/igreja ou sai dela de vez. Então, a secularidade aparece como a única alternativa à religião – é considerada um estágio mais avançado do que a religião.

ISTOÉ - Como o sr. enxerga o grupo dos crentes sem religião?
JOSÉ CASANOVA - Muitos não encontram nas comunidades religiosas uma experiência criativa, pessoal, que chame sua atenção. Essa gente não é agnóstica, tem uma identidade religiosa particular privada, um sincretismo pessoal. Assim, a pessoa pensa: “Sou católico e bebo do espiritismo, por exemplo, mas sem ser espírita.” É uma forma de crer sem pertencer, não ter filiação. Nos Estados Unidos, a religião foi de tal forma politizada que a sociedade se polarizou. Muita gente rejeita a forma como a religião se envolve com a política e pretende moldar toda a sociedade, inclusive pessoas sem filiação.

ISTOÉ - O sr. considera que as religiões ainda intervêm na esfera pública? O que elas ainda têm a dizer para as sociedades?
JOSÉ CASANOVA - O Estado europeu moderno nasceu em meio às guerras religiosas. A primeira medida foi tornar o Estado religioso e forçar todos a ter uma única crença para evitar a guerra civil. Aqueles que não queriam seguir a religião nacional deviam partir. Quando chegou a democracia, a religião saiu de cena do âmbito estatal, acompanhada da ideia da necessidade de a fé ser privada, para que a sociedade não se polarizasse. Nos Estados Unidos, há um outro tipo de privatização da religião, pois o Estado não reconhece oficialmente uma única crença e dá liberdade para que os cidadãos formem a denominação que quiserem. A religião é a mais política das instituições americanas, é o centro da vida política naquele país. Todos os movimentos sociais envolvendo a escravidão, o feminismo ou o aborto foram encabeçados pela religião.

ISTOÉ - A pluralidade religiosa, algo corriqueiro aqui no Brasil, também existe na Europa e nos EUA?
JOSÉ CASANOVA - A imigração inaugurou a diversidade cultural, étnica, racial e religiosa na Europa. A minoria religiosa que desponta na Europa é o islã, por razões étnicas, econômicas e seu passado colonial ante os países europeus. Além disso, ocorre um processo de globalização do islã. Os imigrantes chegaram da Turquia, da Argélia, do Paquistão, mas, de repente, são mais identificados como “muçulmanos globais” do que por sua origem nacional. O islã lhes garantiu uma unidade que não tinham. Nos Estados Unidos, os imigrantes muçulmanos são normalmente de classe média, eles têm nível educacional alto e estão economicamente integrados.

ISTOÉ - O desenvolvimento de países como China, Índia e Brasil traz quais consequências para as religiões?
JOSÉ CASANOVA - A China é uma sociedade que se modernizou à base de um processo estatal de destruição das religiões. Hoje, com o desenvolvimento econômico chinês, todas as religiões voltam a ressurgir. O caso chinês põe em questão a tese de que a modernização leva à secularidade. A secularização da China foi imposta pelo Estado e agora, com o desenvolvimento econômico, as religiões estão voltando. As religiões reconhecidas na China são minoritárias e oriundas de grupos étnicos não chineses: o islã, o budismo, o taoísmo, o catolicismo e o protestantismo. Estão sendo inaugurados departamentos de antropologia e sociologia nas universidades chinesas, de estudos da religião, o que não havia antes. A Índia, porém, sempre foi muito religiosa. Ela concluiu que, para competir com o Ocidente e se livrar do colonialismo, teria de usar seu componente de fé. São duas respostas anticoloniais bem diferentes: uma enxerga a religião como um obstáculo e a outra a vê como uma ajuda.

ISTOÉ - E o Brasil?
JOSÉ CASANOVA - O Brasil se converteu em um centro mundial de catolicismo global, de pentecostalismo global e de movimentos afro-americanos globais. O Brasil está surgindo como potência econômica global, mas também está surgindo como potência religiosa nessas três religiões.

ISTOÉ - No Brasil, além do grupo dos católicos não praticantes, assistimos ao crescimento dos pentecostais não praticantes. Haveria um mesmo motivo para esses dois fenômenos?
JOSÉ CASANOVA - É um mesmo processo. O individualismo é o princípio mais importante da formação da religião de uma pessoa no mundo moderno. Só tem vitalidade aquela religião que permitir uma escolha individual livre. Quando a religião é uma experiência imposta, pela instituição ou pela família, leva o indivíduo a querer livrar-se dela. Quando o catolicismo se converte simplesmente em uma identidade formal que não confere nenhuma motivação pessoal ao indivíduo, muitos deixam de ser praticantes, tornam-se católicos formais e ocasionalmente podem converter-se a outra religião ou até serem agnósticos e antirreligiosos. À medida que o pentecostalismo se torna mais institucionalizado e surgem novas gerações, esse processo também se dará.

ISTOÉ - Para estar antenado à modernidade é preciso ser secular?
JOSÉ CASANOVA - Na Europa se pensava que a secularidade era um estágio superior à religião. Abandonar uma religião era simplesmente uma condição natural humana. Então, lá, ser secular é considerado algo natural, e ter religião é tido como artificial. Historicamente, o homem amadurecia, tornava-se mais sábio, mais livre e via a religião como algo desnecessário. Essa ideia muito europeia nunca pegou nos Estados Unidos. Os americanos relacionaram sua experiência de modernidade ao renascimento religioso. A religião aparece como uma afirmação da identidade americana sobre o colonialismo do Ocidente. Lá, estamos condenados a ser livres, mas também a renascer religiosamente.
ISTOÉ - O que é ser ateu no mundo globalizado?

JOSÉ CASANOVA - Há uma anedota na Irlanda do Norte que diz que um cidadão, ao atravessar a zona protestante em direção à católica, é abordado: “Mãos para cima. Você é protestante ou católico?” O cidadão respondeu: “Sou ateu.” A indagação seguinte foi: “Mas qual tipo de ateu: protestante ou católico?” É o contexto que define o que significa ser ateu. Na Europa, ser ateu é normal para um jovem, que não precisa fazer nada para se encontrar nessa situação, não precisa dialogar, refletir. É algo natural, espontâneo. Por outro lado, para ser religioso ele tem de fazer algo. Na América é o contrário. Ser ateu exige uma coragem enorme, ser contra toda a sociedade. É estar continuamente lutando e defendendo a sua oposição diante de todos. Uma pesquisa mostrou que nos Estados Unidos o cidadão afirma que votaria em qualquer religioso, até em um muçulmano, mas jamais em um ateu.

ISTOÉ - As pessoas são mais felizes quando têm ou não uma religião?
JOSÉ CASANOVA - Existe uma ciência da felicidade, uma economia da felicidade, uma psicologia da felicidade, que para mim são ciências absurdas. Sou um sociólogo comparador histórico que não crê nessas coisas. É verdade que toda religião orienta o indivíduo para uma realidade transcendente. Isso facilita a ele se relacionar com os outros. Mas as religiões também podem nos tornar mais egoístas, obcecados por nossa salvação. A resposta a essa pergunta é: depende.